A Doença Celíaca é uma doença intestinal crônica causada pela intolerância ao glúten e que pode ser acompanhada de diversas manifestações bucais.
Dificilmente poderíamos associar o diagnóstico de doenças gastrointestinais à uma visita ao dentista. Entretanto, no caso da Doença Celíaca, uma intolerância permanente ao glúten em pessoas geneticamente predispostas, o dentista pode ser um dos primeiros profissionais a suspeitar da existência desta condição.
Estima-se que a Doença Celíaca, uma condição crônica caracterizada por uma reação autoimune ao glúten (uma proteína presente no trigo, cevada e centeio) possa afetar até 1% da população dos países ocidentais.
Dentre os sintomas tipicamente associados à doença, estão a diarreia (ou constipação) crônica, dor e distensão abdominal, vômitos, fadiga, além de outras alterações associadas à má-absorção de nutrientes.
No entanto, é crescente o reconhecimento de que os sintomas da doença frequentemente são de natureza diversa, inclusive com a ausência dos problemas gastrointestinais típicos em uma grande proporção dos portadores. Estes sintomas podem incluir a osteoporose, anemia, infertilidade, alterações neurológicas, ansiedade e depressão.
A doença pode inclusive estar presente de forma silenciosa, ou ‘assintomática’, na qual o indivíduo não apresenta sintomas aparentes mas possui as alterações na mucosa intestinal características da doença.
Por um lado, a grande variação nos sintomas – ou mesmo ausência deles -, aliada à falta de conscientização sobre a doença tornam seu diagnóstico difícil. Por outro, no entanto, alguns indicadores podem nos dar dicas sobre a existência da doença, facilitando assim o diagnóstico precoce. Dentre estes, estão alguns aspectos de nossa saúde bucal e dentária.
Diversos estudos relatam uma tendência na prevalência de problemas dentários por portadores de formas atípicas ou silenciosas da Doença Celíaca, e sugerem que a detecção destes problemas poderia servir como uma ferramenta valiosa para o diagnóstico.
E de fato, revisões recentes da literatura científica mostram que estas alterações na saúde bucal podem ser indicadores confiáveis da possibilidade de Doença Celíaca.
Resumimos abaixo os principais sintomas orais associados à Doença Celíaca:
Defeitos de formação no esmalte dentário: vários estudos mostram que as alterações no esmalte dentário são frequentes entre os portadores da Doença Celíaca. Além disso, tais deficiências são mais frequentes entre os celíacos do que entre não-celíacos. Estas alterações podem variar desde modificações na cor do esmalte, textura, até, em casos mais severos, mudanças estruturais nos dentes do paciente. Dentre os celíacos, os defeitos no esmalte dentário tendem a ser simétricos, bilaterais, e distribuídos ao longo do tempo.
Aftas recorrentes: diversos estudos indicam uma maior prevalência de aftas recorrentes (pequenas ulcerações na mucosa da boca que ocorrem de forma reincidente) entre celíacos do que entre não celíacos. Além disso, a frequência com que as aftas tendem a aparecer novamente também tende a ser maior entre os celíacos.
Atraso da erupção dental: embora este não seja um sintoma tão frequente quanto os dois citados acima, alguns estudos indicam que entre crianças celíacas a probabilidade de atraso na erupção dos dentes é mais frequente do que entre crianças não celíacas, possivelmente em decorrência de deficiências nutricionais ocasionadas pela doença.
A importância do diagnóstico precoce da Doença Celíaca é vital, pois possibilita ao portador a adoção da dieta sem glúten, evitando assim as consequências da doença a curto, médio e longo prazo. Embora as manifestações orais descritas possam decorrer de outros fatores, é importante que os dentistas estejam cientes da Doença Celíaca como uma possível causa, facilitando assim seu diagnóstico e tratamento.
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Fonte:
Revista Vida sem Glúten e sem Alergias